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- Capítulo de livro“Empoderamento digital”? Suas implicações no ethos e na atividade política atual(Instituto Quero Saber, 2020) Figueiredo, Rodrigo Lopes; Costa, Marta Rios Alves Nunes daO presente artigo pretende refletir sobre a capacidade de influência e controle do homem quando está em posse de equipamentos, artefatos e sistemas de informação eficientes na produção de dados sobre a natureza e sobre o próprio homem; neste sentido aborda a Questão da Técnica (1932) pensada por Martin Heidegger enquanto fenômeno desafiador da liberdade humana no sentido mais essencial. Segundo o pensador estamos diante da possibilidade de nos perdermos no horizonte da tecnologia, no sentido em que alicerçamos a nossa existência na premissa do controle calculado dos recursos naturais e dos “recursos humanos”, produzindo um horizonte em que nos tornamos estranhos não só uns aos outros, mas a nós mesmos, tornando-nos incapazes de reconhecer a dignidade e humanidade em nossos semelhantes. Os reflexos da instrumentalidade técnica presente ao nosso redor, associado ao desejo pragmático em querer buscar tudo aquilo que garante bem estar pessoal e satisfação imediata, termina por nos disponibilizar a objetualização, isto é, conduzindo à perda de valor em nós mesmos “ontificando-nos”. No processo de compreensão deste perigo trazemos a contribuição de Immanuel Kant em suas obras Antropologia de um ponto de vista pragmático (1798), Ideia de uma História universal do ponto de vista cosmopolítico (1784) e Fundamentação da metafísica dos costumes (1785) e de Pierre Levy em sua obra O que é o virtual? Na primeira obra kantiana tratamos sobre as paixões de civilização as quais (unidas a virtualização) configuram o “empoderamento digital”, na segunda vimos a possibilidade do aperfeiçoamento humano, possível sobretudo a nível de espécie e que revela a conquista histórica do homem ao transitar da animalidade em direção a civilidade, destacando-se nesta condição a presente virtualização de todas as instâncias, constituindo uma cultura multimídia. Por fim, buscamos chegar a um melhor entendimento acerca da possibilidade de um progresso na humanidade a partir de Pierre Levy, que enfatiza os méritos de uma sociedade interligada em rede, cujo propósito é tornar possível a produção e o acesso compartilhado (virtualmente) dos conhecimentos construídos coletiva e globalmente. O entusiasmo de Levy com o desenvolvimento das novas tecnologias e com o novo modo de interação humana, realizado virtualmente numa sociedade em rede, nos permite imaginar a concretização da expectativa de progresso “profetizada” por Immanuel Kant em sua obra Ideia de uma História universal do ponto de vista cosmopolítico (1784). Aqui, a espécie humana atingiria o estágio de desenvolvimento mais avançado no que se refere ao cumprimento dos fins antropológicos necessários – o estágio da moralidade, ou seja, a condição histórica onde se manifesta a consideração valorativa de cada sujeito racional enquanto fim em si mesmo, havendo o respeito e a responsabilidade recíproca. Neste sentido o grande desafio é questionar os limites e condições de possibilidade deste “empoderamento digital”, fenômeno que inicialmente parece inverter a ordem das prioridades, tornando o homem subserviente das suas próprias invenções tecnológicas.