Errata pensante: temporalidade e subjetivação em A última gravação
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Ano de publicação
2012
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Instituição
Universidade Federal de Ouro Preto
Resumo
No estudo que se segue o monólogo A última gravação, de Samuel Beckett, será analisado a partir da romancização de suas formas, partindo da premissa da crise do drama moderno, assinalada por Peter Szondi. Adotando uma discussão mais ampla sobre o contágio dos gêneros, com uma abordagem panorâmica, pretende-se construir uma problemática de fundo que, finalmente, seja debatida mais próxima do objeto. Deste modo, o primeiro capítulo desta monografia se detém sobre a questão que envolve a configuração da temporalidade romanesca no drama, bem como na apresentação dos elementos épicos que agem diretamente nas formas no monólogo de Samuel Beckett, denotando o efeito de uma dramaturgia surgida na época do dominante romanesco. Para tanto, as teorizações de Samuel Beckett a respeito do romance, de seu livro Proust, serão utilizadas como chave de leitura para a sua própria obra, tomando como contrapondo o seu objeto, o então recém-finalizado Em busca do tempo perdido. Com base nestas constatações, o segundo capítulo toma o drama A última gravação em cotejo com o célebre romance de Gustave Flaubert, A educação sentimental. Daqui em diante, o monólogo passa a ser encarado como uma manifestação romanesca a rigor, cujas formas desvelam a incorporação do passado épico como inadequação cênica, resultado da assimilação do inacabamento romanesco. Mais do que uma continuação, por conseguinte, os dois capítulos assinalam um ajuste de lentes - de uma panorâmica inicial para o close-up sequente