O programa de mobilidade internacional “ciência sem fronteiras” na perspectiva das desigualdades de oportunidades educacionais
Resumo
O fenômeno investigado nesta tese inscreve-se no campo da Sociologia da
Educação, tendo como objeto central as desigualdades sociais de acesso à mobilidade
estudantil internacional ofertada pelo Programa “Ciência sem Fronteiras”, criado em
2011 pelo governo federal. Com base na literatura sociológica sobre as oportunidades
de internacionalização dos estudos, estabelece-se como objetivo desta pesquisa
conhecer o perfil social e escolar dessa população, como meio de subsidiar o debate
atual sobre as desigualdades sociais de acesso à mobilidade internacional. A hipótese
principal é a de que os beneficiários referido programa, seriam detentores, em maior ou
menor grau, de capitais simbólicos (cultural, escolar, linguístico) e de disposições
(habitus migratório) facilitadores do acesso a esse bem educacional. Portanto, a tese
defendida é a de que o acesso à formação acadêmica internacional é limitada pelas
oportunidades educacionais, visto que os estudantes que alcançam esse bem fazem
parte, na maioria das vezes, de uma elite acadêmica que desfruta de certo favorecimento
social, o qual repercute-se nas trajetórias escolares que revelam “excelência” nos
percursos educacionais. A metodologia utilizada consistiu na comparação entre
estudantes do CsF com o seu grupo de origem, isto é, com o corpo discente da UFMG, e
com seus pares dos cursos de engenharia (perfil preferencial do programa), os
resultados revelariam um conjunto de jovens socialmente favorecidos e escolarmente
selecionados, inclinados ao êxito escolar e à travessia de fronteiras acadêmicas. Para
tanto, traçou-se – com dados obtidos por meio de questionário – o perfil demográfico,
socioeconômico, sociocultural e escolar de 1538 estudantes de graduação da UFMG
contemplados pelo Programa CsF no ano de 2013.