Prevalência e fatores associados à síndrome metabólica em Agentes Comunitários de Saúde
Resumo
A síndrome metabólica é definida como o conjunto comum de fatores de risco cardiovascular,
caracterizada por obesidade abdominal, hipertensão, hiperglicemia e dislipidemia aterogênica,
e está fortemente associada ao aumento do risco de diabetes e morbimortalidade cardiovascular.
Pode ser influenciada por determinantes sociais de saúde, como o trabalho. Destaca-se os
Agentes Comunitários de Saúde, subgrupo populacional importante, que apresenta
particularidades em seu cotidiano de trabalho que podem impactar em danos à sua saúde. O
primeiro artigo científico, teve como objetivo identificar e sintetizar as evidências científicas
sobre a prevalência e fatores associados à síndrome metabólica em profissionais de saúde da
Atenção Primária à Saúde. Foi realizada uma scoping review conduzida conforme as diretrizes
metodológicas do Joanna Briggs Institute para scoping review e relatada com base no checklist
PRISMA-ScR. As bases de dados pesquisadas foram a PubMed, Web of Science, Scopus,
ScienceDirect, Embase e a LILACS. A estratégia de busca foi formulada por meio dos
elementos População, Conceito e Contexto, sendo utilizado os descritores “Pessoal de Saúde”,
“Síndrome Metabólica” e “Atenção Primária a Saúde”, aplicando os operadores boleanos
“AND” e “OR”. Incluíram-se estudos primários quantitativos e/ou qualitativos, em inglês,
espanhol e português, sem limite temporal. Na revisão de escopo, foram incluídos 6 artigos, a
prevalência da Síndrome Metabólica variou entre 13,8% a 62%. O componente mais prevalente
foi o HDL-c alterado (n = 5) e os profissionais de enfermagens foram pesquisados na maioria
dos estudos (n = 5). Associaram-se à síndrome metabólica a escolaridade (n = 5), a categoria
profissional (n = 4), idade (n = 4), atividade física (n = 2), ser fumante (n = 2) e exaustão
profissional (n = 2). A revisão de escopo evidenciou que o problema é prevalente e a temática
pouco explorada em profissionais de saúde da atenção primária pela literatura nacional e
internacional, refletindo assim, uma lacuna do conhecimento a ser estudada. O segundo estudo
teve como objetivo estimar a prevalência de síndrome metabólica e seus fatores associados em
agentes comunitários de saúde de uma cidade do Norte de Minas Gerais, Brasil. Trata-se de um
estudo transversal e analítico, envolvendo 673 agentes comunitários de saúde. Foram coletados
dados sociodemográficos, estilo de vida, laborais, antropométricos, hemodinâmicos,
bioquímicos e aspectos emocionais. A variável dependente Síndrome Metabólica foi definida
de acordo com o critério do National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel
III revisado. Realizou-se análises descritivas e de regressão múltipla de Poisson com variância
robusta, considerando um nível de significância de 5% (p<0,05) para o modelo final. A
prevalência de síndrome metabólica foi de 20,8% e a co-ocorrência de componentes se deu na
sua maioria com a presença de três componentes (13,4%). Dentre os componentes da Síndrome
Metabólica, o mais prevalente na amostra total foi a pressão arterial alterada (41,8%) e o de
menor prevalência a alteração glicêmica (12,0%). Associou-se à síndrome metabólica a faixa
etária ≥ 40 anos (RP=1,62; IC95% 1,22-2,14), menor escolaridade (fundamental e ou médio)
(RP=1,45; IC95% 1,08-1,96), sobrepeso/obesidade (RP=4,78; IC95% 2,76-8,29), lipoproteína de
baixa densidade ≥130 mg/dl (RP=2,18; IC95% 1,64-2,90) e proteína C-reativa >5,0 mg/L
(RP=1,68; IC95% 1,28-2,20). Constatou-se elevada prevalência de síndrome metabólica.
Verifica-se a necessidade do desenvolvimento de ações que visem promover mudanças no estilo
de vida, sobretudo quanto a redução do peso, bem como o tratamento de fatores de riscos. Foram
desenvolvidos cinco produtos técnicos: dois eventos científicos, “Dia do ACS” e a “II Semana
do Agente Comunitário de Saúde: Cuidar de Quem Cuida”; um Pitch (vídeo orientativo)
intitulado “Você sabe o que é Síndrome Metabólica?”; uma calculadora do nível de atividade
física, e por fim, um relatório técnico sobre a saúde e o trabalho dos Agentes Comunitários de
Saúde do norte de Minas Gerais durante a pandemia de COVID-19.