Protagonismo juvenil e imaginação criadora em Gaston Bachelard: experiências vividas de um projeto educacional

Resumo

Esta pesquisa nasce de um estágio realizado durante o curso de Psicologia sobre a aquisição de habilidades sociais e educativas em adolescentes do ensino médio, participantes do projeto educacional “Jovens Protagonistas” que utiliza metodologias ativas em educação. Além da aquisição dessas habilidades, percebeu-se um efeito na expressão da criatividade e autonomia dos jovens, que assumiram o protagonismo na aprendizagem e nas estratégias de enfrentamentos no cotidiano. O foco, portanto, da presente pesquisa está no aprofundamento deste efeito, tomando-se como objeto de estudo o fenômeno da expressão do protagonismo juvenil, pela perspectiva da imaginação criadora em Gaston Bachelard. As reflexões estão baseadas nas premissas do protagonismo juvenil, entendido como ação do adolescente no sentido de construir sua autonomia, sua participação criativa, construtiva e solidária na solução de problemas reais na vida social e da imaginação criadora como atividade imaginante de uma consciência que compreende, sente e significa a experiência da novidade. Estas premissas fundamentam este trabalho que possui como objetivo compreender, por meio do método fenomenológico, os sentidos das experiências vividas pelos adolescentes participantes do Projeto Educacional Jovens Protagonistas, em relação à expressão do protagonismo juvenil. Trata-se, portanto, de uma pesquisa fenomenológica, exploratória e qualitativa e configura-se como uma pesquisa transversal. Participaram da pesquisa 20 alunos que: i) cursavam o ensino médio, ou ii) cursavam o 9° ano do ensino fundamental, ou iii) acabaram de concluir o ensino médio. Como instrumento para a coleta de dados foi realizada uma análise documental de fontes primárias produzidas pela instituição em relação aos alunos. Também foi utilizado o Procedimento Desenhos-Estórias com Tema em três momentos da pesquisa: no início, quando o aluno ingressa no projeto educacional, numa etapa intermediária e ao final do projeto. Para a organização e análise dos dados, foi aplicado o método fenomenológico de Giorgi, que se desenvolve em quatro etapas: 1) leitura geral do material, 2) definição de unidades de significado, 3) expressão dos sentidos das unidades, e 4) formulação de uma síntese das unidades. Os resultados revelam uma profunda insatisfação dos alunos com o ambiente escolar, indicando uma relação problemática com esse ambiente, que gera sofrimento físico, psíquico e ético-político. Além disso, a falta de socialização e respeito no ambiente escolar contrasta com a necessidade crescente de promoção de bons encontros e fortalecimento de vínculos entre os adolescentes. A percepção negativa da metodologia de ensino destaca a desconexão entre o sistema educacional e as necessidades dos alunos, minando a relevância do modelo atual. Os espaços escolares são vistos como hostis e excludentes, o que diminui a potência de ação dos alunos. No entanto, por meio de encontros realizados no espaço onde é desenvolvido o projeto educacional, os adolescentes imaginaram um futuro possível, recriando a escola em uma experiência de abertura para a novidade. A expressão do protagonismo juvenil emerge, portanto, como uma necessidade de fortalecimento dos vínculos afetivos e aumento da potência de ação dos adolescentes, impulsionando-os a imaginar e criar novas possibilidades para lidar com os desafios decorrentes dos processos de isolamento, exclusão e discriminação.

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